sábado, 6 de agosto de 2011

A fumaça que causa morte



Com o descobrimento das Américas, o tabaco, já transformado em fumo e em forma de cigarro, difunde-se pela Europa. É pelas mãos de Luiz de Góes, irmão do Donatário Pero de Góes e responsável pela primeira leva de tabaco brasileiro ao Velho Mundo, que o cigarro toma conta do mundo e das pessoas.
Em pouco tempo, o cigarro (sua denominação é atribuída à semelhança de sua forma e cor às características do inseto de mesmo nome) dispara em consumo e rapidamente identifica-se a grande responsável pela dependência química no cérebro: a nicotina – uma curiosa ironia: o nome dado à molécula foi em homenagem a Jean Nicot, diplomata francês e grande difusor do tabaco nas terras européias.
Hoje, mais de 500 anos depois, o tabaco se consolidou como a mais importante cultura agrícola não-alimentícia do planeta, contribuindo substancialmente para as economias de mais de 150 países. A China é o país onde mais se fuma, e apenas 15 países colocam mensagens de advertência nos maços de cigarro.
A cada ano, o tabaco mata 5 milhões de fumantes no mundo. Só no Brasil, são 200 mil mortes. Não por acaso, a importante indústria brasileira deste segmento está entre as dez maiores contribuintes do fisco – em 2010, foram gerados tributos de aproximadamente R$ 7,5 bilhões. E como natural conseqüência do exagerado consumo de tabaco, a rede pública de saúde desembolsa R$ 300 milhões por ano com internações, exames ambulatoriais e medicação de elevado custo, sem contar os gastos previdenciários.
Sob aspecto médico, uma simples tragada de um fumante faz com que moléculas de nicotina cheguem ao sangue atravessando os alvéolos pulmonares. Em segundos, atingem o cérebro causando sensação de bem estar, prazer e melhora de humor. Por duas horas, a ação da nicotina vai se esgotando fazendo com que o indivíduo busque nova carga de nicotina. O hábito leva à dependência química e física e, desta forma, 4.720 substancias tóxicas são despejadas no organismo causando um desastre silencioso na saúde do dependente.
É fato que a brasa de um cigarro aceso chega a 850 graus Celsius. Depois de inalada, a fumaça passa pelo fumo ainda integro a 300 graus e penetra no filtro a 70 graus, pulverizando o esmalte dentário e causando micro-rachaduras pelas quais as resinas do alcatrão se infiltrarão, amarelando os dentes de forma irreversível. Gengivas vão se retrair e, com a infiltração de restos alimentares e bactérias, haverá formação de bolsas de secreção e placas bacterianas, produzindo desarranjo nas arcadas, dentes moles e precários, além de hálito fétido e repulsivo.
Bronquite, rinite e enfisema também vão se instalando e, com o passar das décadas, haverá o estreitamento de artérias do coração e pescoço, causando infarto e derrame, além de câncer de boca, garganta e pulmões. O paciente vai perdendo sua força vital, passando a consumir cada vez mais medicamentos onerosos, destroçando sua vida laboral e tornando-se um doente crônico, limitado e dependente de um sistema de saúde.
Atualmente, fumar é cafona, anti-social e inconcebível. Cabe aos setores públicos o combate ao tabagismo através de ações nas escolas e em toda a mídia. Se você é fumante, crie coragem, procure ajuda e passe a ter uma vida saudável. Fumar, jamais.
(Bruno Pompeu - médico)

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