sábado, 31 de dezembro de 2011

A grande fábrica

“Você obtém benefícios do mundo e da comunidade, e, portanto, alguma atividade de sua parte é devida a eles. Este mundo, realmente falando, é uma grande fábrica; cada ser humano é um membro desta organização. Ao membro é atribuída uma tarefa de acordo com sua estrutura; ele deve encontrar sua realização em fazer esse trabalho e isso deve ser feito como uma oferenda a Deus. Não há nada no universo que não se envolva nessa grande tarefa. Plantas e insetos, pedra e toco, vento e chuva, calor e frio, se cada um destes não funciona de acordo com o plano, o mundo não pode subsistir. O sol e a lua conduzem suas tarefas rotineiras; o vento e o fogo devem exercer suas funções sem objeção. É somente quando cada um executa sua tarefa sem falhas, e com cuidado, que a roda se move rapidamente e sem problemas.”

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Música

”O efeito da música é muitas vezes mais poderoso e penetrante do que o das outras artes, pois aquelas falam da sombra, mas a música da essência.
Na música o que reconhecemos não é a cópia, a repetição de uma ideia da natureza interna do mundo. A música é compreendida de modo tão completo e profundo pelo homem interior que chega a representar uma linguagem inteiramente universal; seu caráter distintivo ultrapassa até mesmo o do mundo da percepção.”

Arthur Schopenhauer (1788-1860), em O mundo como vontade e representação

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Aparências



Que o Espírito de Deus nos ensine a humildade de viver percebendo o outro além das aparências...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Bem-aventurança



“Tal como um peixe pode viver apenas quando está imerso em água, o ser humano também é um animal que consegue viver adequadamente apenas quando imerso em bem-aventurança. É preciso ter bem-aventurança não só em casa e na sociedade, mas, mais importante, também no coração. Na verdade, a bem-aventurança no coração espalha alegria por toda parte. O coração é a fonte de felicidade que deve ser recarregada com meditação constante, recitação e pela ponderação intermitente sobre a glória, a graça e as manifestações de Deus. Sem dar lugar à dúvida ou desespero, agarre-se à meta e nunca volte atrás. Aquele que é dedicado a Deus não conhece fracasso. O Nome de Deus, se tomado sinceramente, vai ajudá-lo a superar todos os obstáculos. Quando o Salvador está ao seu lado, por que duvidar de que será salvo?”

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O que é a caridade?

“É aquele gesto de estender a mão e colocarmos todo nosso amor nele.
É aquele sorriso que colocamos nos lábios e endereçamos àquele ser que sofre.
É aquele afago carinhoso, onde colocamos todo o amor, toda energia em nossas mãos, em nossos corações e o doamos àquele irmão que se encontra necessitado.
Caridade é uma coisa muito difícil de ser entendida; muito difícil de ser praticada, mas com boa vontade, com fé, com amor, com carinho, conseguiremos realizar ao menos alguma coisa em prol daquele que sofre.
Caridade não é só doar bens, caridade é doação de amor.
Caridade é saber perdoar.
Caridade é saber tolerar.
Caridade é também esquecer toda e qualquer ofensa, que achamos nos tenham feito.
Caridade deve ser a primeira coisa que devemos ter para conosco mesmo; pessoas tão cheias de defeitos, pessoas tão egoístas, pessoas tão orgulhosas, pessoas tão enraizadas e tolhidas por um orgulho e uma vaidade boba.
Se Deus é caridoso para conosco, seres tão imperfeitos, e perdoa nossas falhas sempre nos dando uma nova chance, e outra, e outra e mais outra, por que nós também não poderemos fazer o mesmo e esquecer todo e qualquer ato mais ofensivo que achamos nos tenham feito?
Por que não ajudar aquele irmão que passa fome?
Não tens nem para você? Tens sim... basta querer.
Um sorriso, um afago, uma palavra de conforto, todos nós temos, o nosso comodismo é que faz com que não façamos um gesto sequer para ajudar um semelhante.
Procuremos começar com pequenos gestos, com pequenos trabalhos, até atingirmos uma doação plena, até conseguirmos ser aquele "ser" que Deus tanto quer que sejamos; pessoas simples e singelas; pessoas sem orgulho, vaidade ou maldade; pessoas que finalmente encontrarão a paz e a plenitude em suas vidas, seja ela material ou espiritual.
Que Deus possa, em sua caridade, abençoar a todos vocês para que possam encontrar paz, felicidade e harmonia em suas vidas.”

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Evite se possível

"Para progredirmos na vida, é preciso executar nossas atividades com gosto. É preciso mergulhar nelas prazerosamente, com exclusiva dedicação, esquecidos de tudo que não seja nossa própria atividade.
Se tivermos o privilégio de nos encontrar na situação descrita, seremos felizes, pois estaremos fazendo exatamente aquilo que gostamos de fazer.
Por outro lado, se "semeando estivermos pensando na colheita", ficaremos divididos, nossas energias não estarão concentradas e, por isso, exerceremos nossa função de forma muito angustiada."

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Uma nova fase

"Quando começamos uma nova fase de nossa vida, seja porque estamos começando um novo empreendimento profissional, casando ou por qualquer outro motivo, estamos adentrando em campo desconhecido. Por este motivo, é natural nos sentirmos inseguros e cometermos equívocos. É necessário,pois, prosseguir com cautela e humildade no intuito de compreendermos o novo cenário da vida em que nos encontramos.
Se tivermos essa atitude, o aparente caos do desconhecido mostrará que contém uma profusão de elementos promissores a serem desenvolvidos.E isso é ótimo!"

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Purifique os impulsos


“A árvore gigante chamada mente possui duas sementes: impulso e respiração. A semente se torna árvore; a árvore produz a semente. A respiração se move por causa dos impulsos; os impulsos agem por causa da respiração. Se um desses é destruído, o outro também é. Então, para purificar os impulsos e tornar a mente livre das influências negativas; a ignorância deve ser convertida. A ignorância não existe sozinha; ela tem um filho: o ego ou egoísmo, um demônio. Esse demônio tem dois filhos, apego ou paixão e impulso. Eles são irmãos estreitamente relacionados. Através do apego, têm-se os sentimentos de eu e meu; os sentimentos provocam o desejo e os desejos geram preocupação. Portanto, você deve remover o ego e o apego e os impulsos devem ser aniquilados. Através de meditação e de práticas espirituais, você pode superar a ignorância, o ego, o apego e purificar os impulsos. Isso o tornará liberto.”

sábado, 20 de agosto de 2011

Pai + Mãe = Eu



Todo ser humano precisa para a sua evolução da presença do pai e da mãe. Uma estrutura familiar não é sem um pai: um pai é necessário, ele realmente faz falta. Pai e mãe são funções distintas, cada um tem sua importância, um lugar específico na vida psíquica e emocional do filho e da filha. A mãe modelo feminino de mulher e, o pai, modelo masculino de homem. Dependendo do momento, o pai, pode ser mais importante do que a mãe e vice-versa. Quando se corta o cordão umbilical, a criança se desliga fisicamente da mãe, mas pelos seus sentimentos continua ligada a ela, sentindo-a como sua continuidade. O pai aparece na vida da criança logo após o nascimento; é ele a segunda pessoa que surge em sua vida e ela o tem como extensão da mãe. Com raras exceções, na ausência do pai, o avô, padrinho ou tio, pode ocupar esse espaço e exercer influência sobre a criança, auxiliando-a em sua formação. A família é importantíssima para o equilíbrio no relacionamento mãe-filho. A maioria das mulheres que são a favor da produção independente, geralmente sofreram alguma decepção pela ausência de um pai. Portanto, deve-se estimular a família constituída por homem-mulher e filhos, desprezando a produção independente que, na maioria dos casos tem um final, quase sempre, desastroso.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Salvo pela gentileza

Gentileza é um vocábulo que não tem registro no dicionário de muitos.




Conta-se uma história de um empregado em um frigorífico da Noruega.
Certo dia ao término do trabalho, foi inspecionar a câmara frigorífica.
Inexplicavelmente, a porta se fechou e ele ficou preso dentro da câmara.
Bateu na porta com força, gritou por socorro mas ninguém o ouviu, todos já haviam saido para suas casas e era impossível que alguém pudesse escutá-lo.
Já estava quase cinco horas preso, debilitado com a temperatura insuportável.
De repente a porta se abriu e o vigia entrou na câmara e o resgatou com vida.
Depois de salvar a vida do homem, perguntaram ao vigia por que ele foi abrir a porta da câmara, se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho.
Ele explicou:
- Trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de empregados entram e saem aqui todos os dias e ele é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim ao sair.
Hoje pela manhã me disse “Bom dia” quando chegou, entretanto, não se despediu de mim na hora da saída. Imaginei que poderia ter lhe acontecido algo.
Por isto o procurei e o encontrei...

Dizem que Deus está nos detalhes. Nós é que não percebemos...

sábado, 6 de agosto de 2011

A fumaça que causa morte



Com o descobrimento das Américas, o tabaco, já transformado em fumo e em forma de cigarro, difunde-se pela Europa. É pelas mãos de Luiz de Góes, irmão do Donatário Pero de Góes e responsável pela primeira leva de tabaco brasileiro ao Velho Mundo, que o cigarro toma conta do mundo e das pessoas.
Em pouco tempo, o cigarro (sua denominação é atribuída à semelhança de sua forma e cor às características do inseto de mesmo nome) dispara em consumo e rapidamente identifica-se a grande responsável pela dependência química no cérebro: a nicotina – uma curiosa ironia: o nome dado à molécula foi em homenagem a Jean Nicot, diplomata francês e grande difusor do tabaco nas terras européias.
Hoje, mais de 500 anos depois, o tabaco se consolidou como a mais importante cultura agrícola não-alimentícia do planeta, contribuindo substancialmente para as economias de mais de 150 países. A China é o país onde mais se fuma, e apenas 15 países colocam mensagens de advertência nos maços de cigarro.
A cada ano, o tabaco mata 5 milhões de fumantes no mundo. Só no Brasil, são 200 mil mortes. Não por acaso, a importante indústria brasileira deste segmento está entre as dez maiores contribuintes do fisco – em 2010, foram gerados tributos de aproximadamente R$ 7,5 bilhões. E como natural conseqüência do exagerado consumo de tabaco, a rede pública de saúde desembolsa R$ 300 milhões por ano com internações, exames ambulatoriais e medicação de elevado custo, sem contar os gastos previdenciários.
Sob aspecto médico, uma simples tragada de um fumante faz com que moléculas de nicotina cheguem ao sangue atravessando os alvéolos pulmonares. Em segundos, atingem o cérebro causando sensação de bem estar, prazer e melhora de humor. Por duas horas, a ação da nicotina vai se esgotando fazendo com que o indivíduo busque nova carga de nicotina. O hábito leva à dependência química e física e, desta forma, 4.720 substancias tóxicas são despejadas no organismo causando um desastre silencioso na saúde do dependente.
É fato que a brasa de um cigarro aceso chega a 850 graus Celsius. Depois de inalada, a fumaça passa pelo fumo ainda integro a 300 graus e penetra no filtro a 70 graus, pulverizando o esmalte dentário e causando micro-rachaduras pelas quais as resinas do alcatrão se infiltrarão, amarelando os dentes de forma irreversível. Gengivas vão se retrair e, com a infiltração de restos alimentares e bactérias, haverá formação de bolsas de secreção e placas bacterianas, produzindo desarranjo nas arcadas, dentes moles e precários, além de hálito fétido e repulsivo.
Bronquite, rinite e enfisema também vão se instalando e, com o passar das décadas, haverá o estreitamento de artérias do coração e pescoço, causando infarto e derrame, além de câncer de boca, garganta e pulmões. O paciente vai perdendo sua força vital, passando a consumir cada vez mais medicamentos onerosos, destroçando sua vida laboral e tornando-se um doente crônico, limitado e dependente de um sistema de saúde.
Atualmente, fumar é cafona, anti-social e inconcebível. Cabe aos setores públicos o combate ao tabagismo através de ações nas escolas e em toda a mídia. Se você é fumante, crie coragem, procure ajuda e passe a ter uma vida saudável. Fumar, jamais.
(Bruno Pompeu - médico)

sábado, 23 de julho de 2011

Raízes profundas





É bastante comum se ouvir pessoas maduras afirmarem que sofreram muito em sua infância ou em sua adolescência e que, de maneira alguma, desejam o mesmo para seus filhos.
Recordam terem iniciado cedo a trabalhar para auxiliar nas despesas do lar, dos desejos que jamais foram concretizados, como a bola de futebol, a bicicleta nova, a viagem de recreio.
Lembram de certas privações, de não terem tido privacidade quando gostariam, porque necessitavam dividir o quarto com os irmãos, pela falta de espaço na casa dos pais.
Recordam e recordam, com certa amargura, o que lhes constituiu dificuldades e reafirmam que tudo farão para que seus filhos não tenham que experimentar nada daquilo.
Por isso mesmo, crescem os meninos e meninas sem maiores problemas.
Vão a escola, levam dinheiro para o lanche, nem sempre saudável, viajam nas férias, brincam e folgam.
Nada lhes falta, para que não sofram, para que não se frustem, para que não tenham decepções.
Nada em esforço lhes é exigido.
Nada que desejem deixam de receber.
Vendo tantos pais assim procederem, nos recordamos de um médico americano que, além de curar os seus doentes, tinha por objetivo transformar o terreno de sua casa em uma floresta.
Vivia a plantar árvores.
Bastava retornar do hospital e das visitas rotineiras aos pacientes, para se enfiar em um macacão, colocar um chapéu de palha à cabeça, luvas nas mãos e sair para o quintal.
O inusitado não era o passatempo do médico mas a forma como ele tratava as árvores novas.
Ele não as regava.
Dizia que regar as plantas fazia com que crescessem com raízes superficiais.
As árvores que não eram regadas, dizia, necessitavam criar raízes profundas para procurar umidade.
Isto lhes concedia maior firmeza.
Falava com as árvores e as motivava a crescerem fortes, a fim de enfrentarem os ventos frios, as tempestades.
E as árvores se tornavam rijas, parecendo dizer que as adversidades e as privações as tinham beneficiado.
Nossos filhos, como as árvores do bom médico, talvez encontrem adversidades na vida.
Talvez tenham que percorrer caminhos difíceis, enfrentar ventos frios de solidão, de desesperança.
Eles também necessitam criar raízes profundas, de modo que não sejam abatidos quando as chuvas caírem e os ventos soprarem fortes, tentando derrubá-los.
Aprendamos a dizer não, vez ou outra, a fim de que os nossos filhos aprendam que nem tudo lhes estará sempre disponível.
Mesmo que não seja necessário, confiemos a eles tarefas, exigindo que as executem, para treinar responsabilidade.
Em síntese, ensinemos nossos filhos a andar sozinhos, a enfrentar problemas, a lutar pelo que desejam, para que enrijeçam o caráter e cresçam fortes como o carvalho e sejam firmes como a rocha.
***
Pais e mães reflitamos no fato de que criamos nosso rebentos para a vivência do mundo, na sociedade.
Assim, ofertemos a eles a melhor estrutura, ensinando-os a cooperar no lar, para que aprendam amanhã a cooperar no mundo.
Pensemos nos tempos difíceis do mundo e preparemos nossos filhos para que os enfrentem com vigor.
Ocupemos as suas mãos com o trabalho honrado, coloquemos em suas mentes a luz do evangelho e os ensinemos a valorizar o tempo, o dinheiro, a saúde, a inteligência, tudo enfim de que sejam dotados.

(Pesquisa 1 - Vereda Familiar - cap. 18 2 - Seleções do Reader’s Digest 04/99 "O que aprendi com os vizinhos")

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Meu filho, você não merece nada



A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.
(Eliane Brum - Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). - E-mail: elianebrum@uol.com.br - Twitter: @brumelianebrum)

domingo, 3 de julho de 2011

Mentiras



Minto todos os dias. Minto para várias pessoas. Minto para proteger a mim e aos outros. Minto para me esconder. Minto para cumprir convenções sociais. Minto descaradamente ou sem perceber.
Os estudos sobre o comportamento mentiroso indicam que contamos, em média, 200 inverdades (uma forma educada de evitar a repetição de palavras) por dia. A maioria delas são de pequeno porte e de perna curta. São atos circunstanciais, que asseguram a sobrevivência cotidiana, evita conflitos por bobagens e driblam obstáculos desnecessários para a convivência, inclusive com aqueles que merecem ouvir mentiras sempre.
Descontando as mentiras tóxicas, fraudulentas ou de má fé, enganamos quase sempre sem premeditar. As pequenas mentiras flertam com o irracional, o instintivo, nascem pela ausência de reflexão, pela vontade de seguir em frente, despachar alguém ou uma situação com potencial dano.
Enganamos quando dizemos bom dia para o vizinho insuportável. Mentimos quando elogiamos a roupa bonita da namorada para garantir uma noite sem melindres. Somos estelionatários afetivos quando enaltecemos o desempenho sexual do(a) parceiro(a) para não magoá-lo(a). Fingimos adorar um filme para que o amigo-fã não tumultue a pizza pós-espetáculo.
Elogiamos a comida da sogra pelo bem do casamento. Não o dela, claro. Concordamos com as ideias do chefe para garantir o salário do próximo mês. Prometemos aos deuses mudança de comportamento, tremendo de medo pela punição dos céus ou de viajar ao inferno sem direito ao purgatório.
E quando mentimos para blindar alguém da dor? É o caso de um amigo que escondeu o desemprego de um parente para preservar o casamento dele. A encenação envolveu levá-lo ao trabalho-fantasma por dois meses.
A dor pode ser mais aguda no momento em que morte e mentira dão as mãos. Tentamos fraudar a morte o tempo todo. De cara, legislamos em causa própria. Fazemos o que for possível para evitar um encontro com o sujeito de capa preta e foice na mão direita, o anjo da morte ou ceifador, qualquer que seja o nome que as culturas dão a ela.
Desejamos ignorá-la quando se aproxima para levar alguém querido. Procuramos por milagres, acendemos velas para todas as crenças, fazemos promessas tão mirabolantes que envergonhariam o mais sujo dos políticos. Tudo por um pouco mais de tempo com aquele que, muitas vezes, juramos socar por mesquinharias e outras tralhas que habitam nossa pequenez.
Quando a morte (ou qualquer muro intransponível) se aconchega, adotamos o mundo das ilusões. Conheço pessoas que souberam da morte de entes queridos meses depois porque parentes pretendiam protegê-las. O sentimento de traição do “protegido” pode ofuscar a dor da perda. Um esqueleto a mais para trancar no armário, geralmente lotado de artificialismos ou de contas não acertadas.
A mais grave das mentiras, porém, sobrevive e se realimenta em vida, no permanente exercício do auto-engano. Mentiras recitadas para outros, ainda que minúsculas, podem ser avaliadas, consertadas, até passíveis de desculpas ou de arroubos de sinceridade.
O problema está nas mentiras que contamos para nós mesmos, cegos pela certeza de uma verdade que nunca existiu. Jamais duvidar de si e dos próprios caminhos é o veneno que perpetua a cegueira de quem não percebeu a mentira exaustivamente reprisada como dogma.
(Baseado e texto de Marcus Vinicius Batista)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pálido Ponto Azul.




A Terra é um minúsculo ponto, distante 6.4 bilhões de quilômetros, no meio de um raio solar, circulado em azul.
Pálido Ponto Azul (em inglês Pale Blue Dot) é uma famosa fotografia da Terra feita pela sonda Voyager 1. Essa foto acabou inspirando Carl Sagan a escrever o livro Pálido Ponto Azul em 1994.
Numa conferência em 11 de Maio de 1996, Sagan falou dos seus pensamentos sobre a histórica fotografia:
Olhem de novo para esse ponto. Isso é a nossa casa, isso somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.
A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pensai nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, vieram eles ser amos momentâneos duma fração desse ponto. Pensai nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são reptadas por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algures para nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, onde a nossa espécie puder emigrar. Visitar, pôde. Assentar-se, ainda não. Gostarmos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.
Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que tenhamos conhecido.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Fantásticos princípios!


Conforme estudos e experimentos realizados pelo antroposofista Ragna Gandha, adotar certos princípios são importantes para a orientação e apoio das pessoas.
Reflita sobre alguns princípios da Antroposofia (Também chamada de "ciência espiritual" é uma filosofia e uma prática que serve como base para se trilhar um caminho em busca da verdade que preenche o abismo historicamente criado desde a escolástica entre fé e ciência) pois poderão ser úteis em momentos de angústia, medo ou dúvida.
São eles:
a)Jamais poderemos viver o que é de outras pessoas, mas podemos estar perdendo o que é nosso.
b)Analisar constantemente o que, realmente, esperamos das outras pessoas.
c)Existe uma clara e importante diferença entre boa vontade e anulação.
d)Demora para se enxergar e assumir que as escolhas que resultaram consequências foram nossas, somente nossas.
e)Sem resistência não existe evolução.
f)Não existe regra ou lição pronta.
g)Tentar saber o que somos e tentar viver de acordo com aquilo que somos.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Como você acumula riqueza de caráter?

“Como você acumula riqueza de caráter? Você não pode existir sem atividade, por isso você deve, necessariamente, agir através de boas qualidades. Você deve refrear todos os desejos e se tornar livre. A mente cheia de boas qualidades irá ajudá-lo nesse processo, pois ela irá suportar a prosperidade do outro com prazer. Ela deixará de causar dor; procurará oportunidades de ajudar, curar e promover. Ela não somente sofrerá, mas também perdoará. Não se inclinará para o falso; ela estará em alerta para falar a verdade. Ela permanecerá imperturbável diante da luxúria, ganância, raiva e vaidade; ela estará livre da ilusão. Ela irá sempre buscar o bem-estar do mundo. De tal mente fluirá uma corrente ininterrupta de amor.”

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Frutas contra Parkinson


O mal de Parkinson é uma doença neurológica sem causa definida e ainda sem cura. Mas prevenir esse mal pode começar pela boca. Novo estudo da Escola de Saúde Pública de Havard mostra que consumir frutas ricas em flavonóides, também conhecidos como vitamina P e citrino, ajuda a diminuir o risco de desenvolver a doença. Ao longo de 20 anos, foram acompanhadas quase 130 mil pessoas, sendo que 805 desenvolveram a doença. Durante esse período, os cientistas analisaram o consumo das cinco principais fontes de alimentos ricos em flavonóides: chás, morangos, vinho tinto, maçãs e laranjas ou suco de laranja. Dentre os homens, aqueles que consumiram maior quantidade de alimentos ricos em flavonóides, apresentaram 40% menos chances de desenvolver a doença. Nas mulheres, não houve relação entre o consumo de flavonóides em geral e o desenvolvimento da doença. “Nossos resultados sugerem que os flavonóides, especificamente um grupo chamado antocianina, pode ter efeitos neuroprotetores. Se confirmada, essas substâncias podem ser uma maneira natural e suadável para reduzir o risco de desenvolver doença de Parkinson”, diz Xiang Gao **, um dos autores da pesquisa.
**Doutor em epidemiologia nutricional; mestre em epidemiologia e bioestatística (xgao@hsph.harvard.edu) . Cientista e pesquisador das relações entre fatores ambientais e dietéticos e risco de doenças neurológicas, tais como a doença de Parkinson (DP) e Síndrome das Pernas Inquietas (SPI)

domingo, 15 de maio de 2011

Surpresas cerebrais



Para o neurocientista brasileiro Miguel Angelo Laporta Nicolelis**, o século 21 é o “século do cérebro”. Um dos mais respeitados neurocirurgiões do mundo, candidato ao Prêmio Nobel, Nicolelis acredita que um dia, da mesma forma que alguém hoje pluga um pen drive em um computador e copia um arquivo ou programa, será possível digitalizar todas as instruções cerebrais e gravá-las em um cérebro artificial. Mas, até lá, é preciso derrubar alguns mitos. Um deles, muito difundido, diz que os asiáticos, por usarem uma escrita baseada em ideogramas, teriam uma maior aptidão para a matemática. Isso é falso. Se essa aptidão realmente existe, é fruto de esforço e não, exclusivamente, de uma fonte lingüística. Outro mito é aquele que afirma que só usamos 10% de nossa capacidade cerebral. Várias áreas do cérebro são usadas para diferentes fins e, em certos casos, como em acidentes, certas áreas substituem outras. Além disso, uma única ação exige a participação de diferentes partes do cérebro.
** Nicolelis e sua equipe foram responsáveis pela descoberta de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais. Comanda um dos mais avançados laboratórios de neurociência do planeta, o da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte, EUA. (
www.nicolelislab.net/)